Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SOBRE MENINOS E MENINAS

arquivo pessoal, SCG

"E eu que não sou Deus, que nem sou poeta, tão pouco sou destino ou uma destas coisas sobrenaturais, eu que não vento pra sussurrar palpites e arrepios, eu que só escrevo um menino nestas linhas retas, te digo menino: que nuvem linda e alta esta que tu voa, que menina mais bela esta que tu ama, que nos cantos dos olhos tem lâminas, que te deixam menino, aos pedaços, que menina mais graça esta menino, que tu traz nas pontas dos dedos em carinhos marotos, que eu trago nas pontas dos dedos a cada letrinha que eu cato neste teclado falante.

E eu que nem sei de nada, que nem sou vivido nas coisas do amor, eu que nem fogo, paixão eu nem vi, te digo menina: que sonho doce e real é este que tu mora!deste menino sonhador, menina poesia, deste menino criador, menina criatura, o meu menino te ama menina, te ama, e eu que só escrevo e leio e tento frases e penso textos, não sei bem quando te deixei sair dos meus textos pra virar possibilidade.

E eu que não sou pretensioso, que nem tenho todos os sorrisos que este menino e esta menina merecem, que não sei nada de profecias, tão pouco de ser incondicional, eu que nem sei ser óbvio, e nem sei ser utópico, eu que nunca andei em círculos, eu, só te digo menina: o impossível não existe pra quem sonha, mesmo pro menino que suspira tentando imaginar o gosto do beijo, mesmo pra mim que suspiro tentando escrever pra vocês dois, um final feliz!"

                                                  Um texto de Rafa Feck.


Queridos,


Os dias foram cinzentos e eu me agarrei às duas palavras para mim, da Kika Carvalho, clica aqui, "longo ânimo". Machuquei os dedos no jj, fiquei com eles presos, depois sofri um acidente doméstico e aí surtei. Decidi escafeder, viajar, ir atrás de um "longo ânimo".

Muitas foram as mensagens de carinho dos meninos e das meninas e eu estou aqui para dizer que,

Mesmo com a lista de "Para fazer, urgente", pendurada na porta da geladeira, que só cresce, mesmo com a casa revirada e não muito limpa, mesmo com o braço direito sem poder apoiar bem na mesa para digitar, mas feliz pelos dedos soltos, pela sorte de eu não ter me estatelado no chão, no meio daquela neve toda (e eu pensava tantos nos meus ferimentos, mas a mania fuçadeira que existe em mim não permite que seja diferente... e eu então fui xeretar o desconhecido),

Mesmo com todos os contudos, poréns e afins, voltei. E voltei disposta a retomar minhas visitas costumeiras, a escrever meus textos e a matar minhas saudades. De que me importa o resto?

Eu gosto mesmo é de poetas profetas e finais felizes.

                                                Suzana/LILY


Nota: mesma publicação, na mesma data, em O Medo De Suzana.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

INSTANTE

fotografia, por SCG
Posted by Picasa


Nota: mesma publicação, na mesma data, em O Medo De Suzana.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

DEDOS ALQUEBRADOS

fotografia, por SCG



Rio da vida. Um riso calmo, conhecedor, cúmplice. Venho pedindo silêncio a mim mesma, ao meu corpo agitado, ansioso, curioso. Venho pedindo silêncio a mim mesma para que a minha alma recoste-se no sofá da sala e ouça música calma... venho implorando por mim mesma, sem você, sem ele, desprovida de querer e nada consigo. E todo dia é o mesmo dia. E eu não alcanço a parte de fora do círculo.

Mas, ontem, eu me machuquei numa luta. A vida, risonha, faceira, me deu um presente, dedos alquebrados... e eu que não pisco o olho para ela para não perder nada, entendi, o silêncio veio e se apoderou de mim.

Suzana Guimarães

Nota: mesma publicação, na mesma data, em O Medo De Suzana.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ELA É LINDA, É LOIRA E É MINHA

fotografia, por SCG

O texto está postado no Blog O MEDO DE SUZANA.

PRESENTES E "VALE A PENA LER DE NOVO"



















A Lu (Blog VIVA AGORA) enviou-me um selo de presente. Agradeço de coração, para mim uma forma linda de reconhecimento. Não indicarei ninguém porque nunca sei quem realmente gosta desse carinho. Na maioria das vezes, não faço publicação deles, apenas os coloco próximo ao quadro de fotografias dos amigos que me acompanham. Às vezes, publico, feito agora, mas não é nada pessoal, é apenas meu estado de ânimo, sou regida pelo Sol, sou leonina, e sou Cavalo no horóscopo chinês, mas vivo mesmo é pela Lua.

A Fernanda (Blog Aleatoriamente) enviou-me outro. E responderei às perguntas:
1. O livro que eu leria muitas e muitas vezes sem me cansar (já perdi a conta) é: CÂNTICOS, Cecília Meireles.
2. Se eu pudesse escolher apenas um livro para ler pelo resto da minha vida, seria, na realidade, uma parte de um livro: O LIVRO DOS SALMOS, da Bíblia.
3. Indico um livro para leitura: OS CATADORES DE CONCHAS, Rosamunde Pilcher.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O QUE ERA PRA TER SIDO

deserto à noite, fotografia, por SCG


escuta o silêncio, escuta... ele está lá fora, à espera de mim, ele já grita na angústia de não ser ouvido, no deserto vermelho de beirute. É novamente noite. É novamente deserto. A moça cantarolava, sentada na mesa do bar, sozinha, uma música estranha, que falava de silêncio. O garçom serviu vinho tinto. Do outro lado do mundo, acendiam-se velas. Do outro lado do mundo, caminhava uma procissão. Muitos passos foram dados até chegar. Mas, não. Apesar do beco de nome silente, apesar da noite calada, gritamos tanto, até arder igual a areia fina, o fino vinho tinto, gritamos até a rouquidão, a frouxidão.

escuta, escuta, para escutar é preciso silenciar. Você sequer sabia para onde caminhava, eu sequer sabia para onde ia. O silêncio guiaria. Restou apenas a palavra morta, despencada, caída frouxa de nossas bocas. Era só preciso quietar. Era só preciso cantar baixinho no deserto, bem baixinho, só o tanto certo para ti, o tanto para mim.

hoje, estou aqui, noutro escuro, impotente, e ouço ruídos doídos. Não sei mais me calar. Não sei mais falar, nem sei silenciar.

                                                    por Suzana Guimarães

domingo, 13 de fevereiro de 2011

YOU ARE SO LITTLE

fotografia, por SCG



You are so little
e pequena nossa necessidade de um dicionário, uma gramática inteira.

You are so little
e pequena a implicância, a provocação, desatenção.

You are so little
e pequeno o espaço entre nós,
pernas, braços, tronco
o que é meu, o que é teu?

You are so little
e não me nego
e tu não te negas

You are so little
onde terminas tu, onde começa eu?
E se desfazem os nós, tão fáceis...
ainda bem que tu não falas minha Língua
apenas deténs em ti meus olhos, minha boca,
meu eu centrado em ti.

palavras, palavras... inúteis palavras
eu as compro, mas de pouco me servem as roupas.

por Suzana Guimarães

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

EU QUIS ANDAR DE MOTO COM VOCÊ

fotografia, por SCG

Eu queria andar de moto com você. Eu queria. Eu sempre quis. Desde o primeiro dia até o último deles. Eu queria andar de moto com você.  Eu tive suas pernas, tive teus braços, teu sexo, tua boca e cheiro, mas eu não andei de moto com você. Eu não andei de moto com você e isso me dói. Machuca. Umedece meus olhos. Paralisa onde minhas pernas se fecham. Seca. Até hoje o desejo arde em mim. Ontem, vi um homem em cima de uma moto. Lembrei-me de você quando o Sol queimou meus olhos. E a vontade queimou ainda numa memória em cinzas. Eu queria andar de moto com você. Eu peguei teu corpo por sobre o meu, mas não peguei tuas costas na garupa de uma daquelas motocicletas que você teve. Eu não pude tê-lo junto comigo ao vento, andando por aí, sem rumo, ouvindo nosso silêncio em cima do cavalo de metal. Eu não pude tocá-lo por simplesmente tocar, para segurar, para apoiar... eu quis tanto... E só restou a saudade... Eu quis andar de moto com você e agora é para nunca mais. Nunca mais... Depois daquele dia, você morreu. Você se matou, se apagou, e me deixou aqui.

                                          por Suzana Guimarães 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

MISSivas

fotografia, por SCG

Era noite quando li pela primeira vez tua missiva. Era noite e eu era outra. Como é que alguém pode ir morrendo e vivendo ao longo de poucos dias, poucas noites, em pleno gozo da vida? Como é que alguém pode ler uma carta, fazer silêncio, e, quase que simultaneamente ler outra carta, outro remetente, outro espaço, outros punhos, teclados que bateram forte, rápidos?, não sei se rápidos ou de forma lenta, pensando, sentindo, chorando ou simplesmente, cansados. Só sei que quatro mãos digitaram... e sei que olhos espantados leram. Seriam mesmo "espantados"? Não seria a melhor palavra "enlevados"? Olhos que se elevaram, que saíram do corpo, ganharam espaço... e, naquela noite, eu fui um pouco mais do que me apresento constantemente aos outros.

Mas, em menos de um dia, em menos de uma noite toda, em menos do tempo que eu poderia alcançar, eu morri. Morri, renasci, fui obrigada a descer do enlevo, da sorte do trevo, da sina e me vi outra, um pouco mais menina porque renascida.

Você diz em tua missiva que se viu em outra pessoa, e eu lhe digo, num giro curto da Terra, eu me vi outra pessoa. Hoje, é noite e eu não sou mais aquela que leu tua missiva pela primeira vez.

Missivas podem nos fazer lembrar que podemos deixar de ser a qualquer momento, e, nesse deixar de existir, deixar braços sem abraços. Missivas trazem comunhão ou não. Missivas carregam nossas próprias lembranças... missivas podem nos fazer acreditar.

Era noite, agora também é noite e eu sou outra, eu que queria apenas continuar a ser.

                                              Suzana Guimarães


P.S.: missivas fazem lembrar de "miss", de sentir falta, saudade. Lembra o verbo perder, faltar, falhar, deixar escapar, não notar, não acertar...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

NO PARKING

FOTOGRAFIA, POR SCG


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O BLOG "O MEDO DE SUZANA" FECHOU A PORTA


SCG, por SCG



Caros leitores,

O Blog O MEDO DE SUZANA passou a ser privado.

Fechei as portas por considerá-lo muito pessoal, muito íntimo, meu coração escancarado... mas quem quiser a senha para entrar, favor enviar-me uma mensagem para guimaraes.suzana@yahoo.com.

Sinto informar que o Blogger.com limita o número de leitores.


Atenciosamente,

Suzana/LILY