Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sexta-feira, 30 de março de 2012

O QUE EU QUERO


Nem as músicas que saem do rádio do carro, nem este dia incerto, nem quente, nem frio, nem eu, acordada, com saudades de você, pensando em quantos dias não o vejo, nada está ajudando. As melodias não se harmonizam com meu dia, nem o balanço do carro me agrada. A moça de ontem, a mesma de hoje, está dando beijinhos no rapaz careca, de costas para mim, que passo e os vejo, igual a ontem, só que hoje, ela está sentada no colo dele. Isso me desagrada. Meu lado humano e perecível me incomoda. Troco a estação do rádio, há semanas vem tocando melodia contrária a mim, algo saudosista! Quero batida forte, gosto de cantoras com voz forte e cantores de voz fraca. Gosto do ritmo, da cadência, isso me leva até você.

Perdi você faz tempo, nem conto mais esse espaço entre nós dois, quando podíamos nos olhar e nos tocar, nem conto, pois, não se conta tempo sem fim. Contam-se os beijos da moça nos lábios do homem calvo; contam-se as voltas do cordão que trago no pescoço, simpatia para lhe rever; contam-se todas as histórias que ainda não pudemos contar! Quero acabar com esta saudade. Quero o novo, quero saber teu novo nome, bem ao certo, para que eu possa gritá-lo bem alto na hora do gozo.

Por Suzana Guimarães