Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sábado, 2 de fevereiro de 2013

UM POEMA DEDICADO A J.

 
 
 
Banha-me nas águas brancas que moram ao redor de tuas duas ilhas, onde todo dia é verde claro e calmo. Onde nunca se faz escuridão e, quando você pisca, é só eclipse, mudança de Lua, mudança dos ventos do norte ou mesmo um cisco que brinca em teus olhos ávidos em contornar a pele lisa que você lava. Meu seio na concha da tua mão, teus dedos no contorno dos meus quadris. As águas me cobrem e descobrem, feito os lençóis que voam lá fora, secando nos varais, à espera de nós.
 
Desenha-me em teus olhos esta última e única vez, grava para sempre, memoriza o que reservei para ti, o que andou oculto, avesso ao mundo, desprezado e inútil, e que só você conhece agora na palma das tuas mãos. Larga-se de si mesmo e inspira-me em ti. Sinta que eu caibo na tua mão, desfaça o mal que me embaralhou...
 
Como devo lhe chamar?
 
Por Suzana Guimarães