Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sábado, 27 de julho de 2013

SOBRE VONTADES



Detesto vontades moles. Não tenho paciência para quem não sabe o que quer. Passo o dia tomando café, ouvindo ela dizer que irá chover. Estou presa em mim, pedi ajuda, o guarda mostrou-me a chave... Disse sim. Acreditei. Caminhamos. Entendi errado, pensei que ele se perdia, mas, mais tarde, vi que ele se achava. Foi tanto o gosto da liberdade que abandonei-me na fuga. Larguei a guerreira, libertei enfim a prisioneira e pensei em chuva, em passos largos em pedras entalhadas pelo tempo. 

Detesto vontades moles. Ele sabia para onde ia, eu, não. Eu queria o caminho onde é chuva todo dia.

Detesto vontades moles. O guarda mudou de ideia, trancou-me novamente. 

Ele queria o caminho que eu entendia erroneamente perdido... Mas, por ser mole, sua vontade se esvaía...

Passo o dia pensando na chave. Tomo café. Ouço ela dizer vai chover.

Novamente reclusa, dispenso o guarda, a liberdade, aquele desejado caminho. Sonho com a posse da chave.

Detesto homens que se fazem de forte.


Por Suzana Guimarães