Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Eu disse que gostava de diários?

Eu fotografava Belo Horizonte, pelas janelas do táxi, no banco de trás, e o motorista dizia-me que eu deveria ser mais patriota. Não sei se faço belas fotos, mas meu olhar é destituído de preconceitos. Ele perguntou-me se eu queria voltar, eu disse jamais. Ele disse que eu não precisava ter medo de ter a minha câmera arrancada de mim, eu ri. Ele disse que também havia morado na América, em San Francisco. Perguntou onde eu morava. Eu disse, na Califórnia, também. Ele contestou, então você não mora em San Francisco. Bom, deixa para lá, o fato é: ele disse que ganharia o mundo, mas jamais seria radical, desfazendo-se do Brasil. Respondi que muitos problemas que temos num país, não temos no outro e vice-versa. E eu havia feito a minha opção de problemas. Ele disse que ninguém quer ter problemas. Respondi: não se vive sem eles. Ele perguntou se eu conhecia Mucuri. Ele não sabe, eu conheço o cu do mundo. 


Agosto, 9 

Suzana Guimarães