Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Eu disse que gostava de diários?

Ele dizia "olá, como vai?", e estendia a mão para mim. Alguns pensavam que ele sabia falar em Português e perguntavam. A gente ria. Não, ele só sabe falar isso, eu dizia. Tentei ensiná-lo a falar outras coisas, como por exemplo: 'tudo joia?'. Expliquei o significado e a diferença para bijuteria. Ele virou para mim e disse, "eu sou joia, você, bijuteria". Ele falava em Espanhol para eu entender. Ele foi o primeiro a fazer um triângulo em mim e eu dei um grito antes que ele terminasse e ele disse "não fiz nada". Aprendi que eu deveria conversar enquanto treinava porque não posso e nem devo parar para pensar no que fazer. Aprendi várias técnicas com ele. Ele era todo tatuado. Estava sempre de quimono azul, bem humorado e feliz. Nunca o vi com outro humor. Era sempre doce, gentil...

Ele morreu. 
Lamento, lamento, lamento.


Agosto, um dia triste.


Suzana Guimarães

Rest in peace, J.