Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

PA-LA-VRAS



A música diz "há palavras que nos beijam"... 

Até parece que só beijam... elas apalpam, seguram, agarram, eternizam-se, viram repetição na cabeça e rio caudaloso interno que não sossega. Aquelas palavras permanecem e eu cuido para que sobrevivam, palavras chaves, se carregadas de falsidade, se mentirosas, se enganosas, se equivocadas, não importa, para mim, pouca coisa anda importando, feliz de mim que ainda posso ouvir o cadeado fechando-se, prendendo. Mal sei quantas foram, não contei, ouvi, fingi que não ouvi, nem sorri, mas eu estava ocupada, muito ocupada, guardando, gravando, questionando, ah, questionando, seria delírio? 

Diz, vai, diz, repete, repete, vamos à exaustão igual à dança, à luta, à conquista de uma terra nova e desconhecida. 


Por Suzana Guimarães

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

POUCA COISA



Lara Amara



O pó do deserto ventou sobre as transparentes águas, cristalinas, cristalinas, refletidas 

do lago imaginário...

Pouco pó, pouco vento, pouco. 

Num deserto, pouco é fatal, a gota pouca que faltou, a pouca sombra que se fez, a dação do pouco num mundo gigante, num delírio enorme. 

Pouco.


Deixo um espaço, para desenhar esse tamanho...


Pouco.


Por Suzana Guimarães