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Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sábado, 2 de novembro de 2013

A única coisa que você me deixou...

(Suzana Guimarães - arquivo pessoal)

A única coisa que você me deixou foi a eterna lembrança em algumas músicas... Não foram apenas duas ou três fotografias, nem seu olhar, sua altura inatingível, sequer os poemas feitos nas madrugadas perdidas ou suas homeopáticas doses de compreensão. Não foi a memória de seu corpo bem trabalhado, nem a tatuagem em forma de asas, muito menos a sua verborragia. Não foi a excitação deixada por sua barba ou o irresistível cavanhaque, muito menos, sua docilidade, nem os ventos calmos ou turbulentos que passavam entre mim e você. Não foram seus e-mails e nem seus profundos silêncios... suas respostas às vezes rápidas, às vezes, frágeis.

Não foram duas ou três fotografias, foi mesmo amor, e uma casa se montou em cores de recomeço, eterno recomeçar.

Não foram duas ou três fotografias, e outra casa voltou ao mofo e ao jogo, quem dá menos?

Não foram duas ou três fotografias e o tempo que contou, a cumplicidade e o reflexo.

A única coisa que você me deixou foi um pouco de você no conjunto das coisas dos outros.


Por Suzana Guimarães