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Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Ele era cinza - como deve ser um intróito.

(fotografia por Suzana Guimarães)


Foi denominado monstro só porque era gigante e cinza e pela forma decidida de agir, mas nem sempre usamos as melhores nomeações... Sei que acordou - ou foi revelado, mostrou-se - no meio de uma tarde. Nem sei qual delas, nem a hora precisa. Tudo isso não importa. 

​Vale saber - ou ter a consciência - que ele existe, apareceu, mostou-se e a partir de então nada mais ficou no lugar. Sabe aquelas coisas bonitas que ficam em destaque, imóveis, simpáticas, satisfatórias? (Dentro do melhor dos conformes   -   não que não tivesse existido sempre um certo rumor ao redor - parecendo ou podendo agradar?). Mas, ele se revelou e agitou as coisas à sua volta - ele permaneceu o mesmo, embora poucos saibam - tal qual um terremoto quando passa.

​Objetos inanimados moveram-se, deixaram seus postos! Xícaras, pratos, o lustre pendurado no teto. E, certamente, claro, a relação dele - do monstro - com o mundo que o detinha.​

​O pior, a relação dele com os outros.


Por Suzana Guimarães​