Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

a vida que se foi...




... é inverno no norte. Aquelas árvores vermelhas e amarelas que vimos permanecem, mas são outras.

Feias, sem charme. Secas. A cor da vida que se foi...

Assim como você que também se foi.

Deve ter morrido em alguma noite em que eu dormia, alheia

Deve ter morrido vagarosamente, puxando leves sopros de ar.

A boca movendo-se lentamente, e eu pergunto-me, havia ainda o eco da minha voz, chamando-lhe para a vida?

Eu dormia, mas sempre foi essa a melhor forma do encontro por ser a menos triste, porque é livre

As árvores parecem outras, mas são as mesmas, mas nada mais me dizem - embora eu ainda olhe para elas...

Embora eu pense em ressurreições.

Embora eu tenha perdido a noite de todas as suas agonias

É que eu também tinha as minhas.



Suzana Guimarães