Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Que pena, sou um pássaro! (#9)




Que pena, sou um pássaro!

Por ser pássaro, não posso falar, apesar do bico que pode lhe bicar.
Dia cinza, todo para mim, para o meu à toa (e eu irei cagar em cima do poema)

Porque pássaros cagam.

Só para sujar este teu cabelo engomado, esta roupa alva de branca e este passo fingidamente certo.

(E eu cago em cima desse poema)

Pena não poder alcançá-lo para poder também bicá-lo, homem mentiroso!


Tu sabes ler e escrever?


Pois, desamancha e apaga. Desmancha e apaga até você perceber que mentira é coisa feia! Homem que não se endireita! Ah, daria dez voos só para dar um rasante em sua cabeça oca e assustar suas noites leves... daria dez voos para rir de você e dizer-lhe que a mentira tem que ser muito boa para eu acreditar...

mas, pássaros não falam. Só cagam.


Suzana Guimarães