Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

TRISTEZA

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Entendo o segredo das portas que não se fechavam... Das águas frias, e de um corpo nervoso.

[sobre histórias que me contaram...]

Porque era morte anunciada ao cego.

Há o tempo de ser e ter e o do nada... o do tatear no escuro.

O sino badalou naquelas noites, mas ninguém ouviu, e, se viu, fez-se cegueira estúpida.




E ficam as carpideiras chorando os mortos. Encomendados.

Entendo serem bem melhores as portas fechadas, a água morna...

Valer-se dos despojos do morto de outrem é desconsolo.

Melhor lutar para fechá-las...

Não se vela bem morto alheio!

O melhor morto é aquele que é nosso, que a nós foi conhecido.

Para o morto dos outros só temos as lágrimas dos nossos...

E são essas que escorrem.


[sobre histórias que não deveriam ter me contado.]



Suzana Guimarães