Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um cílio de um milagre

por Suzana Guimarães 


Abriu-se um céu, um infinito de estrelas; perfeitas! Abriu em mim uma clareira onde ninguém até hoje havia habitado. Abriu-se um mar de cor que não posso descrever porque a clareira brilha tanto e fisga-me tanto que eu penso quão tolos foram todos os meus conceitos, meus desejos e quão frágil a vontade de penetrar cada vez mais em um paraíso... Porque nunca antes houve paraíso, nem vãos e cordilheiras na carne quase apagada de tanta e tanta falta de luz e desse clarão que diziam existir e eu nunca acreditei... Uma fonte jorrando qualquer coisa indescritível, uma vontade de estar ali para sempre, e quando chegar o último respiro que já nem importa mais, pedir um pouco mais mesmo ardendo, queimando, assim como o sol e a neve... porque realmente não importa...mais, mais, suba a rampa, galopa como nunca antes...já nada mais quero e posso esconder. Abriu-se em mim um mundo. 

Gastei palavras quando um único olhar poderia traduzir todas as línguas.


Suzana Guimarães

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Deus nos deu dois olhos porque sabia que não iríamos enxergar muito bem.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

No muro

No início, os empregados do manicômio retiravam a doida de cima do muro. Ela percorria todo o muro que circundava um dos pátios, descalça e de camisolão...

O que mais intrigava o diretor do referido hospital era ela não desejar nem o lado de dentro e nem o de fora. Nunca fugiu. Decidiu ele, então, deixá-la livre. Em cima do muro.

Histórias que ouvi do diretor.

                                                            Por SCG

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mordeu o lábio e fixou-me... Eram olhos de imperador.

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Meu Deus!

(por R. Meneghini - via celular)



Eu poderia dizer Meu Deus! E assim repetindo e exclamando, Meu Deus! E ultrapassar o espaço entre nós sussurrando Meu Deus...

Eu já estou a dizer Meu Deus! E já estou a dizer e a dispensar qualquer confusão...

Surge em meu rosto brisa breve, pequenas risadinhas...

E eu retomo e penso, Meu Deus!

Bate calmaria de um tempo antigo, toda a minha vida - juro, caminharia tudo assim novamente, assim, resoluta...

Só para de novo dizer, Meu Deus!




Suzana Guimarães

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Tempo?


Denso no corpo volátil na alma É assim que se define Quando o tempo perde sua falsa existência
Um dia, cem anos
Dois dias, cem anos...

Quantos mil anos em minutos?
Quanto tempo em segundos?
Quanto tempo se pode aguardar?
O que é aguardar?
É guardar?
Eu guardei?


Suzana Guimarães